Já estamos a viver aqui há um ano.
Há poucos dias umas meninas que moram na rua abaixo, mas que o pai tem animais aqui perto, costumam por vezes virem com o pai, começaram a vir brincar com os tesourinhos.
São mais velhas do que eles.
Uma já vai para o 6º ano e a outra tem 7 anos.
Claro que brincadeiras de meninas e ainda mais velhinhas, são diferente de meninos com 3 e 5 anos.
O que quero arrematar é que não estou a gostar do comportamento delas, porque deixam-se ficar até muito tarde.
Já cheguei a mandar-as embora porque queríamos jantar e ficar a sós com a minha família.
Principalmente a mais novinha tem cá um feitio que não gosto nada, muito mandona, muito espevitada.
Sei que são crianças e talvez não me esteja a por na pele delas, a ver na perspectiva delas.
Deram para entrar pelo portão do quintal, sem pedir licença nem nada.
Já tinha dito, para quando cá quisessem vir, baterem à porta, mas não me estava a referir para entrarem pelo quintal.
Ontem foi o descalabro.
Só estava cá a mais novinha.
O Marco tinha ido à casa de banho e ela ficou sózinha na casa de despejo a brincar com barcos na pia.
Mais tarde ao ir à casa de despejo, vejo as plantas encharcadas em água.
Perguntei quem tinha feito aquilo, mas sabia bem quem tinha sido porque os tesourinhos não estavam lá.
Não obtive resposta, mas disse: aqui quem põe água nas plantas sou eu.
Depois noto o cheiro forte a perfume.
Tenho alguns guardados em caixotes debaixo da pia, junto com outros produtos, do tempo em que era Revendedora da AVON.
Não me contive e disse: quem mexeu nos perfumes? Sei bem que não foi o Marco e o Júlio porque tenho isto aqui e eles nunca mexeram nisso.
Também já estava cheia, porque ela, nas brincadeiras a fazer de professora, eles só tinham nota mau e suficiente e puxava pelas bochechas deles.
Vi quando jogavam à bola, ela a bater nas mãos do Júlio, por ele não saber atirar bem a bola.
Isso tudo e sempre a chamar o Júlio de chato, encheu-me as medidas e disse, não quero isto aqui, a mexerem-me nas minhas coisas, que atrevimento é este?
Nisto ela abaixa a cabeça e saiu como um relâmpago, não lhe meti mais a vista em cima.
Também ontem, o pai dos tesourinhos já lhe tinha chamado a atenção para quando ela quisesse vir cá, bater à porta, não entrar pelo quintal sem pedir licença.
Disse ele que ela abaixou logo a cabeça e sentou-se à espera de os tesourinhos irem brincar com ela.
Serei antiquada? Ou temos que saber impor limites e regras?