Tenho uns tesourinhos que são umas pedrinhas de lume.
Sexta-feira tinha acabado de almoçar no refeitório da escola, junto com Marco António, como de costume em época de aulas.
Marco quando acaba de comer gosta sempre de ir à secretaria, e só depois volta para junto dos coleguinhas.
Pediu que queria ir à casa de banho, estava eu a abrir a porta e acender a luz quando olho para trás, e já não vejo o "pedrinha de lume".
Chamo por ele e não obtenho resposta alguma.
Olho pelo corredor que dá para a secretaria e não o vejo.
Abro a porta que dá para o átrio da escola e nada de Marco António apareçer.
Imaginem já o meu susto. Como é que desapareceu num instante???
Volto para dentro a chamar por ele.
Nisso aparece uma colega minha e diz: Ele está debaixo da tua secretária.
O safadinho a rir-se debaixo da secretária.
Ufa!
A casa onde moramos tem vários perigos para crianças pequenas, tal como as janelas do sotão quase rentes ao chão.
Hoje tá um típico dia de Abril ou Inverno, com muita chuva e vento.
Predrinha de lume - Júlio César.
Estava embaixo mais o Marco António, que me diz que Júlio está a chorar.
Venho cá acima e vejo Júlio todo molhado e a chorar de janela aberta.
Penso que o vento deve ter-lhe batido com a janela e daí o susto dele.
O pai já estava junto dele.
Temos uma caminha de grades encostada à janela, mas o safadinho já a empurra para ir abrir a janela.
O meu coração não tem sossego.
Vamos arranjar algo que não lhe permita abrir a janela, nem sei onde encontrar uma protecção dessas.
Sábado passado andava eu a estender roupa no quintal e tesourinhos brincavam com as panas da roupa vazias.
Quando ouço Marco António a dizer: Mãe o Júlio está em cima do muro.
Que vejo eu?
Um pisco, que ainda nem 2 anos tem, a gatinhar em cima do muro do cerrado do nosso rendeiro. Já estava quase na meta final do muro. Marco ia atrás dele, também de gatas.
Como subiu?
A pana virada ao contrário serviu de degrau.
Diguam lá se não é para eu andar sempre de coração nas mãos, com estes "pedrinhas de lume"?